lunes, 18 de noviembre de 2013

TUAS MÃOS QUE ACARICIAM

TUAS MÃOS QUE ACARICIAM


De minhas mãos chovem palavrinhas e um sermão
que o sol cala trás tuas nuvens,
minhas mãos são bocas mudas e fechadas
rígidas escleroses, galhos secos de silêncios sem adeus.

Tuas mãos que acariciam são ásperas sinfonias
argila de algum anjo sem um Deus
lençóis de pura seda, fruta fresca de candor.

De minhas mãos crescem as mentiras
águas frias que se estagnam,
turvas indiferenças, novelos de lã em eclosão
inútil confusão de um mágico predisgitador.

Tuas mãos que acariciam lavam roupa do patrão
limpam casas e escovam solos, até as tristezas do coração
cortam batatas, carnes e cebolas, adicionam o sal da ilusão.

De minhas mãos alimentam-se as distâncias
caminhos polvorentos, horizontes sim um sol,
carinhos invisíveis, pão com queijo e com presunto
fome insatisfeito que sacias com temor.

Tuas mãos que acariciam são receitas do amor
cortam, misturam e preparam o fogão,
os alimentos, as delicias e os agravos da dor.

De minhas mãos se seguram as tristezas
as madrugadas com noite e a água com sabão,
se te toco não te acho e si te acho não te ouço
meus dedos são tão surdos como músico de salão.

Tuas mãos que acariciam são melodias silenciosas
o tilintar de um clarinete e o bater de um tambor
elas tocam no meu peito tua música e tua canção.

De minhas mãos que te cantam não lembro hoje quase nada
têm dedos e linhas longas, calabouços de esperança, 
nas minhas palmas é que tu lês que o futuro será melhor
delas me como a luxuria  e meus desejos por teu amor.

Tuas mãos que acariciam são pássaros ao vôo
ausências muito concretas e ninhos de ocasião
elas lavam minha amargura e alimentam minha ilusão. 

De minhas mãos jogam simples as mães de um convento
elas se vestem de túnica e cobrem sua cabeças com um velo,
seus olhares estão presos aos frutos de outros corpos
ventre alheio, ventre novo que se morre do desejo.

Tuas mãos que acariciam são palavras de consolo
pinturas de Picasso e loucuras de Van Gogh
cores azul do céu e brancas neves de meu ardor.

De minhas mãos pouco secas acaricio o açúcar de tua flor
meus dedos de artesão competem com teu tempo,
relógio biológico que  bloqueia meu desejo, não te olho não te ouço,
só avanço até tuas águas e me mergulho em teu tesouro.

Tuas mãos que acariciam sempre cheiram a sabão
são limpas sutilezas, flores tenras da mãe de um trabalhador
elas beijam com seus dedos e fazem sexo com amor.

De minhas mãos agora frágeis desenho as linhas de teu rosto
nova e bela extravagância, desejo ansioso de me aprofundar em teu primor,
oportuna e ansiosa espera de beber-me a sorvos teu silêncio
hoje não janto, hoje não fumo, hoje não bebo, só espero que fervas de paixão.

Tuas mãos que acariciam são de terra úmida e ensolarada
ferramentas de trabalho da índia, a camponesa e o lavrador
preparam o solo, semeiam e colhem da terra as hóstias de tua comunhão.

De minhas mãos um pouco velhas não tenho muitas esperanças, mas
Tuas mãos que acariciam são meu sonho, meu desejo, minha revolução.


CÉSAR AUGUSTO DE LAS CASAS (c)

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